A reunião do Fórum “A cidade também é nossa” desta quinta-feira (11) contou com a participação do coordenador do projeto da ponte Salvador-Itaparica e integrante da Secretaria de Planejamento da Bahia, economista Paulo Henrique Almeida. O encontro, realizado no Crea-BA, foi uma preparação para a realização de uma audiência pública sobre o assunto com a equipe do Governo do Estado no dia 29 de maio, no auditório do Crea-BA.
Na ocasião, o representante do Poder Executivo discorreu sobre o projeto, afirmando que a iniciativa representará um desenvolvimento socioeconômico e do turismo na ilha e no Recôncavo. Almeida explicou ainda que foi por meio do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) em 2009 – a mesma forma escolhida para iniciar projetos como a Arena Fonte Nova e o Metrô de Salvador – que o projeto foi iniciado. “O PMI agiliza e transfere custos ao setor privado”, defende.
Paulo Henrique reconhece que o projeto foi pouco discutido com a sociedade, mas garante que nada está definido, embora, o Governo do Estado já tenha contratado uma empresa internacional para fazer consultoria no valor de mais de R$ 40 milhões. “O traçado não está mais em discussão. É uma etapa considerada vencida. Agora é a hora de fazer estudos de impacto ambiental na ilha e municípios vizinhos”, coloca, destacando que a chegada a Salvador é passível de ajustes.
O coordenador ainda reiterou que o plano integrado e urbanístico da ilha, além da revisão e construção do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Itaparica e Vera Cruz estão sendo providenciados. “Faremos ampla e serena discussão com a comunidade da ilha. Combateremos o processo de especulação imobiliária e invasão do local. Faremos também um estudo do impacto cultural e material, junto ao Iphan. Para todas estas ações precisamos do engajamento de todos neste projeto”, observa.
Com uma opinião contrária ao proposto pelo Governo do Estado, o arquiteto e professor aposentado da Ufba, Paulo Ormindo, criticou a tomada de decisão do Poder Executivo sem a devida participação da sociedade. Afirmou que a opção do vão móvel, sugerida no projeto, não é mais utilizada e exemplificou casos, como a ponte Presidente Dutra, que divide Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), feita com a abertura, mas nunca foi usada.
Para Ormindo, a ponte mista é uma “sentença de morte para indústria naval da Bahia”. Argumentou ainda que o equipamento não funcionará apenas como rota turística, mas gerará um tráfego interestadual aumentando o fluxo de pessoas para Salvador. O arquiteto sugere um traçado alternativo que contorna o Recôncavo com a previsão de construção de três pontes, sendo a maior delas similar a do Funil. “Esse empreendimento custaria algo em torno dos R$ 7,5 bilhões”, frisa. O projeto atual está orçado em R$ 15 bilhões.
Débora Nunes, arquiteta e representante do Vozes Salvador, criticou a contratação de uma empresa internacional para fazer consultoria ao projeto. “Investir mais de R$ 40 milhões em uma empresa de fora é um acinte. Temos especialistas baianos que passaram a vida estudando isso”, dispara.
O assessor parlamentar do Crea-BA, Genivaldo Barbosa, colocou o fórum como participante do projeto de construção da ponte. Lembrou que o colegiado foi criado com o objetivo de contribuir com os projetos do estado e município obedecendo os limites institucionais dos órgãos envolvidos. “As vezes nossa contribuição é calorosa devido à falta de discussão dos projetos”, comenta. Ele ainda falou da necessidade de inclusão de disciplinas que foquem o controle social, cidadania e respeito à cidade nos cursos de engenharia.
O princípio da economicidade foi lembrado pelo advogado Rubens Sampaio. Ele afirmou que o estado precisa estar mais atento a aplicação de recursos. O arquiteto Carl Von Hauenschild, do Vozes Salvador, cobrou o Plano de Manejo da Baía de Todos os Santos, almejado desde a década de 80 pela sociedade. “Se tivéssemos elementos de planejamento mostraríamos a regra do jogo que vale dentro da Baía de Todos os Santos. Apelo para a secretaria de planejamento ter mais planejamento”, ressalta.
Outros assuntos como os problemas que serão gerados com a explosão demográfica em Itaparica, Vera Cruz e Salvador (como a especulação imobiliários, mais esgotos no mar, etc) também foram colocados.
A reunião foi encerrada com informes sobre o projeto Cidade Bicicleta e o novo PDDU. No próximo encontro, previsto para quinta-feira (18) no Crea-BA, os dois temas serão discutidos com mais detalhes.
Nadja Pacheco
Ascom Crea-BA
Fonte: http://www.creaba.org.br/noticia/1509/Coordenador-do-projeto-da-ponte-participa-de-reuniao-no-Crea-.aspx