A convite do Fórum A cidade também é nossa, o secretário de Planejamento do Estado da Bahia, José Sérgio Gabrielli apresentou nesta quarta-feira (29) o projeto da Ponte Salvador-Itaparica, no auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia. O presidente do Crea, engenheiro mecânico Marco Amigo, abriu o evento que contou com a participação de representantes de movimentos sociais, professores, profissionais do Sistema Confea/Crea, bem como representantes do Governo do Estado.
De acordo com o secretário Gabrielli, todos os estudos de sondagens e impactos que serão causados com a construção do empreendimento deverão ser concluídos em 2013. A previsão é que a obra da ponte seja contratada em 2014 e operacionalizada em meados de 2020. Segundo o gestor, a ponte precisa ser debatida à exaustão, embora se posicione totalmente contra o poder deliberativo de conselhos como o da cidade. “A democracia participativa plena é uma utopia. Não sou contra a participação, mas acredito que fragmenta todo o processo, pois a parte não pode subordinar o todo”, colocou, destacando que o poder de decisão é do governador Jaques Wagner (PT), legitimado através do voto.
O secretário acredita que o equipamento em discussão é a solução para os problemas do ponto de vista macro de logística para mercadorias, pessoas e serviços. “O projeto começou a ser discutido tecnicamente na década de 70. Necessitamos de um fluxo para o novo pólo econômico-logístico, desobstruindo a BR 324 que já está bastante comprometida”, acrescenta, informando que a ponte começará com um tráfego de 10 mil veículos e saltará em 30 anos para 92% da sua capacidade, que corresponde a 138 mil veículos.
Benefícios – Entre as vantagens do projeto, Gabrielli destacou a economia na emissão de 53 a 300 milhares de toneladas de CO2, o que representa 100 km² de Mata Atlântica. Reiterou problemas do traçado, como o eixo do portão central para a passagem de grandes embarcações e apontou como uma das soluções a implantação de estrutura móvel, que deverá ser aberta uma ou duas vezes por ano, devido à produção do estaleiro da Enseada do Paraguaçu. “Ainda não há decisão final sobre isso”, reforça.
Sinalizou que a Ponte Salvador-Itaparica faz parte de um conjunto de incentivos que elevarão a Bahia a um novo patamar de logística. Entre as obras estão as ferrovias de Integração Oeste-Leste (Fiol) e a que ligará Brumado – Juazeiro- Aratu; a hidrovia do São Francisco; o terminal de Regaseificação da Petrobrás, o Pólo petroquímico do Norte da Baía de Todos-os-Santos; as fábricas da Basf, Ford e Jac Motors e o Estaleiro da Enseada do Paraguaçu.
Sérgio Gabrielli defendeu que o projeto passará pela área de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Baixo Sul e o considera como melhor alternativa para o desenvolvimento da Ilha de Itaparica. “O índice de crescimento de Salvador é de 0,9% e da Região Metropolitana de Salvador é de 3,2%, então o que precisamos fazer é criar condições para que não haja efeitos negativos para Itaparica e também para Salvador. Os impactos precisam ser considerados e profundamente analisados”, comenta.
Contrário ao projeto defendido pelo Estado, o arquiteto Paulo Ormindo ressalta a importância de se criar uma alternativa para dar dinâmica à produção agrícola. Destaca os modais ferroviário e hidroviário como os mais econômicos e viáveis para escoar a produção baiana. Reiterou que a proposta trabalhada pelo governo cria embaraço para a navegabilidade, pois já existem equipamentos com 104 metros de largura, que não poderão navegar pela baía de Todos-os-Santos. “A criação da ponte limita a indústria naval. A possibilidade de produção de uma refinaria flutuante não será de apenas um produto por ano como o Estado prevê”, coloca.
A requalificação do Centro Antigo, a falta do controle social, a ausência de análise ambiental estratégica nos projetos do Governo do Estado, a evidência do planejamento econômico em sobreposição aos impactos urbanos foram críticas feitas pelos presentes à equipe da Secretaria de Planejamento. “Estamos aqui reivindicando a viabilidade econômica, ecológica e social dos projetos, requisitos fundamentais que devem ser respeitados pelo Governo”, afirmou a professora da Faculdade de Arquitetura da Ufba Maria Lúcia Araújo de Carvalho, uma das pessoas que se manifestou contra a iniciativa.
Mais – Com o custo total estimado em R$ 7 bilhões, a ponte Salvador-Itaparica teve seu termo de cooperação técnica assinado em fevereiro deste ano. No fim do mês passado o Governo da Bahia lançou o edital de impactos ambientais para o empreendimento, que está orçado em R$ 8 milhões. O edital para a concessão da ponte está previsto para o primeiro trimestre de 2014.
Nadja Pacheco
Ascom Crea-BA
Fonte: http://www.creaba.org.br/noticia/1613/Sergio-Gabrielli-discute-Ponte-Salvador-Itaparica-com-Forum-A-cidade-tambem-e-nossa.aspx