A construção de um shopping voltado à elite soteropolitana, seguindo o mesmo modelo proposto para o aeroclube na década de 90, na Orla de Salvador, está gerando apreensão por parte dos representantes do Fórum A Cidade Também é Nossa, composto por várias entidades, entre elas o Crea-BA. Na reunião desta quinta-feira (14), na sede do Conselho, o assunto, provocado pelo analista técnico do Crea, engenheiro civil e arquiteto Giesi Nascimento foi o mais discutido.
De acordo com Nascimento, a construção do empreendimento na Orla foi tratado em reuniões anteriores com o Ministério Público, que inclusive por meio da promotora Rita Tourinho, solicitou ao colegiado informações técnicas para subsidiar o MP numa discussão com a Prefeitura de Salvador. “O que me deixou preocupado é que o projeto já está em análise na Sucom para ver a possibilidade de doação da área, sem prévia discussão com a sociedade, e assim, passível de cometer os mesmos erros do passado”, observa.
O representante do Vozes Salvador, engenheiro eletricista Rogério Horle, considera como absurda a proposta de renúncia fiscal proposta pela prefeitura para o empreendimento. “Existem 380 ações sendo movidas sobre o IPTU e a prefeitura veta a cobrança de 5% de ISS às construtoras. O IPTU terá um aumento de 40%, enquanto as construtoras terão o privilégio de ter incentivos fiscais? Em São Paulo, a gente tem visto que as pessoas sendo presas, mas aqui ninguém faz nada. A população tem que pagar caro e as construtoras não, como assim?”, questiona.
Os integrantes do fórum criticaram a realização de uma reunião (na tarde de quinta, 14) no MP entre representantes da prefeitura e do Ministério Público, sem o convite a sociedade. “É com dissabor que vejo como estamos sendo escanteados em relação a este assunto. Nossa manifestação em desacordo à proposta não foi levada em consideração porque o processo está andando”, afirma.
O arquiteto Daniel Colina, também representante do Movimento Vozes, questionou o porquê da urgência em seguir com o andamento do processo do shopping, já que um novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) será elaborado para a capital. Compartilhando da mesma opinião, o urbanista Carl Von Housenchild destacou ainda outras obras que estão sendo viabilizadas antes da regulamentação. “Estamos apenas a 12 meses para que o novo plano seja implantado e já temos projetos como a Linha Viva e a Linha 2 do metrô em andamento. Porque tanta pressa?”, indaga.
Cidade bicicleta – Representando a Federação das Associações de Bairros de Salvador (Fabs), Hendrik Aquino trouxe ao fórum matérias publicadas num jornal de grande circulação, que tratavam da expectativa em torno do Programa do Governo do Estado, o Cidade Bicicleta. Segundo ele, a foi noticiado em 2009 que a iniciativa iria implantar 217 km de sistema cicloviário entre Salvador a Lauro de Freitas. “Na época, foi feita uma pesquisa sobre a motivação para o uso da bicicleta e 66% das 4.000 pessoas entrevistadas avisaram que utilizam o meio de transporte para o trabalho. 80% dos usuários recebem até três salários mínimos”, esclarece.
O projeto Cidade Bicicleta está orçado em R$ 40 milhões. De acordo com Hendrik foi feito um estudo pela Ong Mobicidade que aponta que o projeto só recebeu 0,48% da verba. “Saiu outra matéria no mesmo jornal, informando que o projeto agora prevê 35 km de via para a Copa 2014. Sabemos que não teremos isso por causa do pouco tempo que resta para o evento”, lamenta, comparando o valor da iniciativa ao de projetos como o da Ponte Salvador-Itaparica (R$ 7 bi) e Arena Fonte Nova ( R$ 500 mi).
A próxima reunião do fórum será realizada no dia 27 de novembro, às 9h15, na sede do Crea-BA.
Ascom Crea-BA
Fonte: http://creaba.org.br/noticia/1968/Forum-A-Cidade-Tambem-e-Nossa-critica-construcao-de-shopping-.aspx