Senadora foi sabatinada por membros do Fórum A Cidade Também é Nossa sobre temas como reforma urbana e planejamento
A senadora Lídice da Mata (PSB) foi a primeira candidata ao Governo do Estado da Bahia a participar da série Diálogo com Candidatos, realizado pelo Conselho regional de Engenharia e Agronomia da Bahia em parceria com o Fórum A Cidade Também é Nossa. No evento, realizado nesta segunda-feira (30), a parlamentar defendeu a reformulação do Programa Minha Casa Minha Vida e salientou a necessidade de planejamento do Estado.
O evento foi aberto pelo presidente do Crea-Ba, Marco Amigo, tendo à mesa também o presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, José Tadeu da Silva, do coordenador do Fórum, Ordep Serra, do representante da Fabs (Federação das Associações de Bairro de Salvador), João Benedito e do coordenador do Grupo Ambientalista Germen, Cláudio Mascarenhas.
Lídice respondeu a perguntas formuladas por órgãos ligados ao Fórum A Cidade Também é Nossa, que reúne mais de 40 entidades representativas da sociedade baiana. Marco Amigo entregou à senadora um documento onde constam demandas das categorias ligadas ao Conselho e destacou a necessidade de planejamento do Estado. José Tadeu da Silva informou da existência de mais de 100 projetos no Congresso Nacional que ressaltam as demandas da área de tecnologia, lembrando que 80% do PIB nacional está ligado diretamente à essa área.
Lídice defendeu a necessidade de devolver ao Estado a possibilidade de planejar. Segundo ela, há mais de quatro décadas que a Bahia se desenvolve sem pensar a infraestrutura, o que trouxe sérios problemas estruturantes. Ela elogiou alguns programas implantados pelo Governo Federal, mas deixou claro a falta de visão de longo prazo.
“Em que pese os méritos de resgatar uma política habitacional para o País, o Programa Minha Casa Minha Vida se limita apenas a oferecer abrigo às famílias, em locais de difícil acesso e sem infraestrutura. Os conjuntos implantados não dialogam com as cidades, são pessimamente inseridos no espaço urbano, distantes dos centros de serviços, não têm áreas previstas para equipamentos comunitários, de saúde, educação e lazer. Muitos não dispõem de linhas de ônibus e promovem uma massificação arquitetônica. Essa política precisa ser reformulada”, destacou .
Para a senadora, eleita em 2010 na chapa que reelegeu Jaques Wagner governador e levou também Walter Pinheiro (PT) para o Senado, os problemas que produzem a ação governamental restrita a um sistema viário precário, com água, luz e saneamento problemático em contraposição aos lucros obtidos pelas construtoras, são reflexo da falta de planejamento e da replicação de modelos ineficazes por parte do governo estadual.
“O nosso desafio é dialogar com o setor privado sem abrir mão do papel fundamental do Estado que é planejar, regular e fiscalizar. Só vale à pena concorrer ao governo do Estado se for para resgatar este papel”, destacou a senadora, que propõe como alternativas ao déficit habitacional as intervenções urbanísticas que promovam a conexão das áreas pobres aos centros das cidades indutoras do desenvolvimento regional.
O debate passou das três horas de duração, extrapolou os temas inicialmente propostos pelos organizadores – mobilidade urbana, saneamento básico, habitação – e incorporou outros assuntos, como gestão, orçamento, transparência, saúde, segurança e educação.
Também participaram como sabatinadores o arquiteto e professor da Universidade Federal da Bahia, Paulo Ormindo de Azevedo, o urbanista Carl Von Hauenschild, o corregedor do Conselho Regional de Medicina, Marco Antônio Almeida, a psicóloga Sissi Vigano, representando o Movimento Auditoria Cidadã da Dívida.
Lídice defendeu a criação de Conselhos não remunerados de Prefeitos das regiões metropolitanas de Salvador e de Feira de Santana com o objetivo de promover ações integradas capazes de distribuir de forma equitativa os investimentos em infraestrutura e serviços. Ela defendeu que a linha 2 do metrô chegue até Camaçari, em vez de parar em Lauro de Freitas.
A candidata acredita que o projeto da Ponte Salvador-Itaparica precisa ser amadurecido. “Eu tenho muitos questionamentos sobre a relação custo-benefício de um projeto de R$ 15 bilhões em um Estado que tem R$ 37 bilhões no orçamento. Ao mesmo tempo não posso desconsiderar a enorme responsabilidade que tenho com o dinheiro público ao saber que apenas o estudo de impacto da ponte já consumiu R$ 90 milhões. Penso que precisamos resgatar esse dinheiro”, pontuou.
A candidata ao governo comprometeu-se a promover concurso público para as áreas técnicas e, em contrapartida, reduzir o número de funcionários públicos comissionados. “A Bahia precisa recuperar seu papel de protagonismo na economia do Nordeste, não é possível que não tenhamos a presidência de nenhuma instituição importante da região como a Chesf, a Sudene e o BNB”, reclamou.
O projeto Diálogo com candidatos ouvirá todos os postulantes ao Governo da Bahia
Chico Araújo.
Ascom Crea-BA
fonte: http://www.creaba.org.br/noticia/2329/Lidice-abre-serie-Dialogos-com-o-Candidato-no-Crea-BA.aspx